Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente!


Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Gênio de vinganças!

Luís Vaz de Camões

2 comentários:

marinaCqm disse...

Mestre Camões!

Pesado, hein?
Mas, lindo poema!
=]

*Te espero lá!

Pseudokane3 disse...

Gosto deste tipo de poema, que sempre desloca os erros alheios para a culpa que não conseguimos deixar de sentir...

Me fizeste sentir tocado, como sempre...

E, sobre o filme CHICO XAVIER, não é ruim não. Pode ir tranqüila com dona Aracy, que possui boas cenas. Meu problema com ele é mais interno, coisa de gente resmungona (risos)

Fica bem, amiga querida.
Beijão!

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