Lágrimas Oculta


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago…
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim…

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

Fontes:
http://www.prahoje.com.br/poema
http://arrumadoresdepalavras.blogspot.com/imagem

1 comentários:

Florbela sobe tornar romântico essa lembrabça da algria em um meio tristeza. Belo poema esse que sabe mostrar mais que palavras, mas tem alguma essência.