Na Concha Íntima do Silêncio
Saberei ler-te ainda no horizonte
deste deserto que criámos?
Ainda quebrarei da noite o sortilégio
encomendando a ninguém
a minha alma de mim apenas
refrigério?
Ainda do luar farei uma concha
para nela ouvir o teu murmúrio
canto isento de mistério
oráculo já decifrado e nunca
- palavras em teu despojo
negra a noite, negra essa ilha
mastro quebrado boiando
ao vento?
Ainda de ti serei o rasto que traz
do mundo os ecos e as farsas?
Ainda de ti soltarei pássaros
aguilhoados em asas
de louco?
Ainda das sombras farei bruma
e nela nos faremos unos
para nos perderemos em
amplexos de silêncio
branda a baía, ondeante
o barco, breves os sussurros
de branda chuva
que cai em som suave e cadente,
manto que nos cobre,
olhos
adversos das águias dolentes
vela enfunada que resiste ao vento
e eu da minha enseada rasgarei o tempo
e de novo será amanhã
nunca por um momento.
Tudo que teremos será
o eternamente terno
nunca mais ainda sempre,
seremos livres das frágeis
vagas em que planamos.
Palavras ainda e sempre
por nós remotas de asas
e de sonhos? Na concha íntima
do silêncio - o lugar em te colho...
Libelula
Fonte:www.oblogdalibelua.blogs.sapo.pt
About author: Elaine Crespo
Elaine Crespo, adoradora de blogs, escrever, ver o pôr do sol, internet, chocolate, livros, filmes e séries.
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