Um Copo de Água
Um vaso cristalino inventado pela idealidade pedante do homem que não se verga, nem mesmo para matar a sua própria sede.
Mil cores e feitios para um só fim.
Se um copo é tão meramente um copo qual o porquê dos intermináveis fins que lhe designamos?
Utensílio de utilidade óbvia, acessório decorativo, o que a imaginação lhe permitir.
Vinho confessionário, cor de sangue da força da sua alegria. O dia, a comemoração. Sentimentos fortes, desejo, paixão.
O champanhe da sedução. Morangos vermelhos, a volúpia desliza, velas que incendeiam a escuridão. Olhares audaciosos, seguindo a tragada final.
O sumo de fruta, refresca o final de tarde, acompanha uma recordação. Sorrisos musicais brindando uma conversa dourada e um gole que encanta, já não carece dizer mais nada.
A água translúcida, jogado um punhado de sal. Com ele, uma gargalhada de felicidade que não é real. Uma lágrima amparada, cevada de fotografias velhas que ninguém recorda onde abrigou. Uma gota de suor, escorrida pela correria desregrada de pânico de não dizer a última palavra. Um copo vazio, pingo a pingo se perfaz do que se quiser. Amor. O que se vê, não o que é. O que não existe. Aquilo em se crê.
Complicar? Desencantar caminhos tortuosos para chegar ao mesmo destino. Dificultar o prazer do que é mais que desejo, é necessidade. Gritar a quem nos admira sereno. Beijar os únicos lábios que nos faltaram naquele instante e nos mataram.
Apenas viver.
Eterea
Fontes:
www.oblogdalibelua.blogs.sapo.pt
www.3.bp.blogspot.com
About author: Elaine Crespo
Elaine Crespo, adoradora de blogs, escrever, ver o pôr do sol, internet, chocolate, livros, filmes e séries.
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