Dias Raros


Há dias raros
que escorrem como mel na ladeira das almas
dias ímpares, sem nuvens, claros
como rebentos dilectos
de noites longas e calmas.

Há dias que brotam como flores no campo
na inocência silvestre da nudez
dias que riem, que cgoram de alegria
dias em que a paz nasce de espanto
dias raros que vincam a sua vez
vindos de surdina, com a timidez
dos dias de outono, de melancolia.

Calam-se de silêncios á beira-mar
sonhando as vagas avulsas debicadas
pelas gaivotas que dançam nas marés
como horizontes que ficam no olhar
lembranças soltas de musas encontradas
ditando os seus poemas junto ao mar.

A música percorre vèus em sintonia
nas benções divinas do meu altar
fios de tarde que retratam a agonia
a angústia de supor que não havia
outras flores que não nascessem do luar.

Correm leves as lágrimas confiadas
que galgam abismos e penedos
escondendo sentimentos e sentidos
renascem esperanças recreadas
no espasmo doce que soltou os medos
em paraísos de rostos coloridos.

Há dias raros em nossa vida
como beijos sôfregos que beijamos
como aquela maçã tenra apetecida
aquele corpo de adão oferecido
a que não podemos resistir....
mesmo que queiramos.

Eterea

Fonte:www.oblogdalibelua.blogs.sapo.pt

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