Onde Acharei Lugar tão Apartado


Onde acharei lugar tão apartado
E tão isento em tudo da ventura,
Que, não digo eu de humana criatura,
Mas nem de feras seja freqüentado?

Algum bosque medonho e carregado,
Ou selva solitária, triste e escura,
Sem fonte clara ou plácida verdura,
Enfim, lugar conforme a meu cuidado?

Porque ali, nas entranhas dos penedos,
Em vida morto, sepultado em vida,
Me queixe copiosa e livremente;

Que, pois a minha pena é sem medida,
Ali triste serei em dias ledos
E dias tristes me farão contente.

Luís Vaz de Camões

1 comentários:

Olá Elaine
Não tenho andado desaparecida, até tenho andado por aqui, mas sem comentar. Este blog é daqueles que há necessidade de consultar, divulga tão e tanta boa poesia! Hoje Camões, um poeta maior!...
Desejo que esteja bem e que em breve vá a Londres. Estive lá em Junho e maravilha das maravilhas!.. Só que quem vai a Londres, apaixona-se e precisa de lá voltar.
Beijinhos e fique bem,
Marisa