O Assinalado



Tu és o louco da imortal loucura,

O louco da loucura mais suprema.

A terra é sempre a tua negra algema,

Prende-te nela a extrema Desventura.



Mas essa mesma algema de amargura,

Mas essa mesma Desventura extrema

Faz que tu’alma suplicando gema

E rebente em estrelas de ternura.



Tu és o Poeta, o grande Assinalado

Que povoas o mundo despovoado,

De belezas eternas, pouco a pouco.



Na Natureza prodigiosa e rica

Toda a audácia dos nervos justifica

Os teus espasmos imortais de louco!


Cruz e Souza

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