Dez Chamamentos ao Amigo

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

Hilda Hilst

2 comentários:

Lucia disse...

Obrigada pelo selinho, amiga.

Bjs


Bom fim de semana!

Gosto muito deste poema da Hilda, talvez as pessoas devessem nos olhar muitas e muitas vezes para nos conhecer um pouco melhor!
beijo, lindo domingo