Fora de Mim


Lembro como era bom compartilhar minha felicidade com os amigos, falar pelos cotovelos sobre alegrias que soavam até ofensivas àqueles que não entendiam o que se passava no interior de um corpo em festa. Eu costumava ser uma alegoria ambulante. Agora a festa terminou, os copos estão espalhados pelo chão, os pratos sujos, silêncio absoluto, ficou o vazio devorador de uma solidão impossível de ser contada. Qualquer coisa que eu fizer será inútil, o fim é uma parede, impossível atravessar, fica-se exatamente onde se está, inerte, até que uma porta, um dia, num passe de mágica, venha a ser desenhada no meu futuro. Mas, por ora, não existe futuro, não existe passado, não existe o tempo, eu olho a chuva pela janela e ela existe lá fora, eu não existo aqui dentro.

Martha Medeiros

Fontes:
Livro Fora de Mim de Martha Medeiros - paginas da 45 à 46./texto
http://madamemin.zip.net/imagem



1 comentários:

Rô... disse...

oi minha querida,

Martha é sempre
muito densa e intensa
ao escrever sobre seus
sentimentos,
é sempre uma tela abstrata,
que precisa de tempo
para ser compreendida!!!

beijinhos