Da Varanda.


Quando eu tinha em mim
O foco do olhar voltado em riste
Para as coisas que eram doces,
O meu amor cantava ao meu ouvido
Os silêncios entoados e mais belos
Que ouvi.

Os jardins eram lilases
E contrastavam com a dor que eu não sentia,
Pois então
Minha mão e tua mão
Eram uma só mão,
E meus pés cegos te seguiam
Pelas tábuas do assoalho.

No tempo em que eu era vida
E que a vida era essência em mim,

As nuvens eram mais claras
E eu não chovia tanto.
Mas meus olhos trovejavam de você
Por entre as noites de boemia
E lua nova.

Nos dias que eu vivia e só sentia
Os sorrisos já não eram tão forçados,
Os afagos já não eram tão cobrados,
Os meus medos já não tinham fundamento.
E no meio do enorme firmamento
Confundi seus abraços sufocantes
Com os receios que deveras carregava.

Hoje passo pela vida sem apego
E na cadeira, junto à morte, me desnudo
Nas noites de luar, sem companhia.
Ao meu lado, o amor já esquecido,
Aos meus pés, meu olhar desfalecido,
No meu colo, a velha fotgrafia.

Marcel
www.tomazulado.blogspot.com/Texto
www.joaobarcelos.com.br/Imagem

1 comentários:

O Hospicio... disse...

oieeee tem um selinho pra ti no blog... pega lá!! bjokas!