Na Margem do Sonho


Estou sentada na beira do rio
Tentando recordar o teu nome
Cintilando nas águas um cardume
Lavrando contra a corrente
Plantando nas margens novas larvas
Perdido o leito esquecido o rumo
Um cativeiro que prende o sonho
Escrevendo eu pelo meu punho
A relatividade do mundo
Quando a vida é um prelúdio
Do nada que é o único absoluto

Meço a dimensão das águas
Que cobrem os seixos mudos
E a memória é um lago de palavras
Onde me afogo e me afundo
Sozinha nesta margem do sonho
Sem ti definho como tarde de Outono
E em ti a minha voz atormentada
Encontra abismos em vez de estradas

Meu amor, a noite é cega e grita
A tarde ardeu em chama aflita
E o dia amanhece na cor desta incerteza
Que me apaga na boca palavras indefesas
Quando antes havia paradigmas profundos
Corre agora um insalubre sabor a nada
Apenas este solitário céptico sintagma
Onde se repetem apenas as palavras

Meu amor, o teu nome é um arbusto
E eu não sei se desperto ou se sucumbo
Na corrente adversa em que me busco


Por LibeLua

Fontes:
www.oblogdalibelua.blogs.sapo.pt/texto
www.baleizas.blogspot.com/imagem

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