A criação de um bloco de carnaval é assunto corriqueiro entre grupos de amigos, principalmente nesta época do ano. Se a reunião é ao redor de uma mesa de bar a chance de o tema surgir duplica. Depois de alguns copos, não é raro começarem a organizar a nova agremiação para sair no próximo carnaval.
Normalmente, a ideia "genial" para fundar o novo bloco que vai dar o que falar nas ladeiras de Olinda ou no Recife Antigo fica só na conversa. Enquanto houver fevereiro, há sempre esperança. No entanto, em alguns casos, a empolgação não dura mais que alguns brindes com cerveja. Para quem ainda não organizou as cores, o estandarte e a saída do bloco, não faz mal. O carnaval é feito de improviso. Ainda dá tempo de colocar seu bloco na rua.
Criatividade e vontade de brincar são as únicas exigências para a criação. Nem mesmo muita gente é preciso. Para fazer barulho basta uns quatro amigos animados ou que queiram animar a outras pessoas. Ou mesmo fazer críticas.
Foi assim que surgiu em 1977 com o O Bloco Eu Acho é Pouco. Amigos, todos profissionais liberais, criaram o bloco e escolheram as cores que tinham a ver com a situação política do grupo: amarelo e vermelho. "Meu pai e os amigos eram todos de esquerda, como se identificava na época quem era contra a ditadura militar. A ideia era 'acho é pouco essa situação", conta Guilherme Calheiros, um dos organizadores do bloco, que hoje desfila em Olinda e Recife arrastando uma multidão. Mas que começou a partir de conversas de amigos. Um pequeno grupo.
Foi também a amizade que fez surgir, em 2001, o bloco As velhas debaixo da cama. Só que desta vez a história era diferente: queriam brincar com uma delas, "tirar uma onda". "Foi uma brincadeira. Eu sempre dizia que estava cansada e começaram a me chamar de velha. Daí surgiu a ideia", contou a "musa inspiradora", Joana Chaves.
No mesmo ano o bloco saiu no sábado de manhã, em Olinda. Foi no improviso. "A gente fez tudo com o que tinha em casa. Pegamos uns canos e colocamos o lençol em cima,montando a cama. Também pegamos umas panelas e saímos batendo", lembra. Hoje tem um pouco mais de organização. Já possui estandarte, mas nada de registro ou nome da agremiação na programação da Prefeitura de Olinda.
Improviso - E quem quiser colocar o bloco na rua em 2010, só mesmo no improviso. O prazo para incluir a saída da agremiação na programação de Olinda acabou na última sexta-feira. Mas durante o carnaval qualquer pessoa pode organizar um bloco e sair pelas ladeiras do Sítio Histórico e pelas ruas do Recife. Segundo informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Olinda, apenas a agremiação que quiser apoio ou apenas incluir o bloco no folder da programação carnavalesca da cidade precisa procurar a Secretaria de Patrimônio e Cultura (Sepac). E a essa altura, com a folia batendo à porta, só no próximo ano.
No Recife também é permitido sair pelas ruas. Só não pode concorrer com a programação oficial. Segundo Maurício Cavalcanti, do núcleo de programação artística da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife, os novos blocos são bem-vindos. "A prefeitura tem uma programação oficial para toda a população. São contratadas 90 agremiações que vivem o carnaval o ano inteiro. A beleza do carnaval está na liberdade, mas isso tem um limite uma vez que tem um grande investimento para garantir atrações em todos os polos de folias", defendeu.
Fonte: www.diariodepernambuco.com.br
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