Hospício lotado, por favor, não insistir! Não há vagas para a normalidade, só entra quem sabe voar. A loucura nos propõe viver dias de fé e liberdade, a respirar relaxados, quando estamos cansados de nos martirizar por tudo.
Ah, como são admiráveis os que topam viver com uma boa dose de loucura, os que se jogam na pista de dança, os descabelados, os que vivem as verdades que falam, os que cantam músicas com a letra errada e os que não brincam de pique-esconde com os sentimentos.
É de se encantar os que não medem encanto, que se divertem em dias frios, que gargalham alto, os imperfeitos conscientes, os felizes do jeito que são, os que ardem de vontade, os que cortam e pintam o cabelo da cor que bem gostam.
É de arrebatar a alma gente destemida, gente tesão, que não se contenta só com a primeira lambida no sorvete, que escreve poemas sem métrica, que se aventura navegar no amor só com uma jangada.
Maravilha mesmo é gente que pode ser o que quiser, que topa ser do jeito que o peito manda, gente que toca tambor dentro da gente. São fascinantes os desvairados, os intensos, os imensos, gente grande, gente universo.
O que há de errado com o fato de estarmos felizes, mesmo que seja uma alegria a qual só nós enxergamos? Somos permissivos demais com as exigências do normal e enquadramentos externos, essas que quando inúteis, desligam as conexões com o que há de mais urgente e precioso dentro da gente. Podemos desconfiar de nossa insanidade, para, quem sabe, encontrarmos um retrato mais fiel de quem de fato somos — a razão dos loucos conscientes mora bem perto do coração. E é de lá que derramam momentos desarmados, encontrados e realmente felizes.
“Sim, você é louco, louquinho, mas vou lhe contar um segredo: as melhores pessoas são assim!” Gosto mesmo é de gente maluca, de gente “Alice no País das Maravilhas”, porque chega uma hora que nos cansamos de ser loucos assim sozinhos — apenas quando ninguém tá vendo. O mundo, às vezes, é meio cão e nós fugimos para a loucura tentando escapar de suas mordidas, pois é ela o pretexto dos gênios, dos autênticos, dos que caminham com a alma na mão.
Desculpem-me os sãos, mas a loucura, vez em quando, é fundamental.
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