Pássaro


Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.


Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.


Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.


Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.


Cecília Meireles

Fontes:
http://www.casadobruxo.com.br/poema
http://joesio.blogspot.com/imagem

1 comentários:

Rô... disse...

oi Elaine,

pouco tem para se falar de Cecilia,
tem o dom das palavras
bem colocadas,
bem usadas e que nos
falam ao coração...

beijinhos
minha linda