maio 24, 2010

Não te amo


Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai! não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett



Fontes:
www.ruadapoesia.com
Imagem AlmadaNegreiros

2 comentários:

  1. Nossa...que legal este post, Almeida Garrett
    me lembra muito uma professora que tive no segundo
    ano do segundo grau!

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  2. Lindo poema, mas, me pareceu com um certo toque de sentimento de posse e louco de amor, você não acha?

    Bjsss

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