Até ao raiar da aurora, outra noite chegada e o que sinto é, impiedosamente, uma coisa diferente do que digo.
Outra noite repleta de imagens das quais desconheço as palavras certas para os sentidos que despertam.
Outra noite em que vou escrever tudo o que existe em todas as línguas vivas e mortas, inventar novas, usá-las todas de uma vez numa luxuriante ode triunfal de tudo o que sou e do que serei sem data certa para acabar e a seguir esfarrapá-la em rudes pedaços e esquecê-la.
Escrever a composição perfeita só para me entreter.
Dar corpo e voz a todas as vozes e num ápice erradicar todo e qualquer mal-estar só para que parem de me incomodar.
Rir da minha tragédia, chorar por ela, permitir-me ser tudo entre as quatro paredes de mim até que o primeiro raio de luz flamejante do quase eterno raiar da aurora entre pela janela e me venha abraçar!
Uma noite como qualquer outra.
Autor: MRLEAL
Fonte:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=223046#ixzz2CyCE7ej1/prosa poética
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