Pelo Ontem Morto, Pelo Hoje Sujo.
Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que
me amaram. Era tão neuroticamente individualista que qualquer
ameaça a essa individualidade, ficava imediatamente
cheia de espinhos - e cortava relacionamentos com a
maior frieza.
Um dia consegui acabar com esse medo de ser tocada lá no
fundo. Por alguem que não foi paixão a primeira vista, talvez a primeiro toque.
Sinto tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que me protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço.
De repente, vejo que perdi.
Ou que estou perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho.
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é
iluminado.Pela beleza do que aconteceu há dias atrás.
Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas
ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim,
pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que
não existe, pelo muito que os amei.
Pelo que tentei ser correta e não fui!
Meu coração sangra com uma dor que não consigo
comunicar a ninguém, recuso todos os toques e
ignoro todas tentativas de aproximação.
Não tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha,
de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
Podia esperar de qualquer um essa fuga,
esse fechamento. Mas não neles, que sempre foram cheios de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos.
Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então
assim tão de repente e duro, por quê?
Talvez um volte, talvez o outro vá. Talvez um viaje,
talvez outro fuja, talvez ficamos curados, ao mesmo tempo ou não.
Talvez um perca peso, o outro fique cego. Talvez não nos
vimos nunca mais, com olhos daqui pelo menos,
talvez enlouquecemos de amor e viajamos junto para Londres (...) talvez um se mate, o outro negasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada..
Desejo uma fé enorme, em qualquer coisa,
não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia,
Lhe desejo uma coisa bem bonita,
uma coisa qualquer maravilhosa,
que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.
Achava que sim.
Que sim.
Sim
Caio Fernando Abreu
Fontes:
www.fotolog.com/ola_off/texto
www.drykadrykabss.spaces.live.com/imagem
About author: Elaine Crespo
Elaine Crespo, adoradora de blogs, escrever, ver o pôr do sol, internet, chocolate, livros, filmes e séries.
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