Amor Vivo


Amar! Mas d'um amor que tenha vida...


Não sejam sempre tímidos arpejos,


não sejam só delírios e desejos


d'uma doída cabeça escandecida...
Amor que viva e brilhe! Luz fundida


que penetre o meu ser - E não só beijos


dados no ar - Delírios e desejos -


Mas amor... Dos amores que têm a vida...
Sim, vivo e quente! E já a luz do dia


não virá dissipá-lo nos meus braços


como névoa da vaga fantasia...
Nem murchará o sol à chama erguida...


Pois que podem os astros dos espaços


contra uns débeis amores... Se têm vida?


Antero de Quental

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