Lá Quando a Tua Voz deu Ser ao Nada
Lá quando a Tua voz deu ser ao nada,
Frágil criaste, ó Deus, a Natureza;
Quiseste que aos encantos da beleza
Amorosa paixão fosse ligada.
Às vezes em seus desgostos desmandada,
Nos excessos desliza-se a fraqueza:
Fingem-Te então com ímpeto, e braveza
Erguendo contra nós a destra armada.
Ó almas sem acordo, e sem brandura,
Falsos órgãos do Eterno! Ah!… Profanai-O,
Dando-Lhe condição tirana e dura!
Trovejai, que eu não tremo e não desmaio;
Se um Deus fulmina os erros da ternura,
Uma lágrima só Lhe apaga o raio.
Bocage
About author: Elaine Crespo
Elaine Crespo, adoradora de blogs, escrever, ver o pôr do sol, internet, chocolate, livros, filmes e séries.
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