Círculo Vicioso


Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
-”Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

-”Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

-”Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

-”Pesa-me esta brilhante auréola de nume
Enfara-me esta azul e desmedida umbela
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?”

Machado de Assis

1 comentários:

Kelen disse...

Olá Eliane, simplesmente adorei seu Blog. Fui pega por uma certa nostalgia, pois certamente sei que já tive uma vida oriental! Vou aparecer mais vezes. Grande abraço. E ótimo final de semana.

Beijos.
Kelen Marques