O Que Há
O que há em mim é sobretudo cansaço –
Não disto nem daquilo,
Nem se quer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo.
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém.
Essas coisas todas –
Essas e o que falta nelas eternamente – :
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvidas quem ame o infinito,
Há sem dúvidas quem deseje o impossível,
Há sem dúvidas quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
About author: Elaine Crespo
Elaine Crespo, adoradora de blogs, escrever, ver o pôr do sol, internet, chocolate, livros, filmes e séries.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
ai Fernando Pessoa toca nas feridas. Eu sinto isto, este cansaço, esta falta de...
Bom, prazer em te conhecer. Será sempre bem-vida lá,
Bj Laura
Postar um comentário